1. O que são Drogas?
Drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações, mudanças nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional. As alterações causadas por essas substâncias variam de acordo com as características da pessoa que as usa, qual droga é utilizada e em que quantidade, o efeito que se espera da droga e as circunstâncias em que é consumida.
Geralmente achamos que existem apenas algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que chamamos de drogas. Achamos também que drogas são apenas os produtos ilegais como a maconha, a cocaína e o crack. Porém, do ponto de vista da saúde, muitas substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como por exemplo o álcool, que também é considerado uma droga como as demais.
Drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre nosso cérebro, alterando de alguma maneira nosso psiquismo, podendo deprimir, estimular ou perturbar a atividade do Sistema Nervoso Central.
Drogas psicotrópicas : trópica = tropismo ( ter atração por ) psico = ( psiquismo ).
Drogas depressoras da atividade do SNC:
- Álcool
- Soníferos
- Morfina
- Heroína
- Inalantes ou solventes
Drogas estimulantes do SNC:
- Anfetaminas
- Cocaína
Drogas perturbadoras da atividade do SNC:
- LSD
- Ecstasy
2. Quais os tipos de drogas que existem e que efeitos elas provocam ?
As drogas atuam no cérebro afetando a atividade mental, sendo por essa razão denominadas psicoativas. Basicamente, elas são de três tipos:
· Drogas que diminuem a atividade mental, também chamadas de depressores. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: Ansiolíticos ( tranqüilizantes ), álcool, inalantes ( cola ), narcóticos ( morfina, heroína );
· Drogas que aumentam a atividade mental , são chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que funcione de forma mais acelerada. Exemplos: Cafeína, tabaco, anfetamina, cocaína, crack;
· Drogas que alteram a percepção, são chamadas de substâncias alucinógenas e provocam distúrbios no funcionamento do cérebro, fazendo com que ele passe a trabalhar de forma desordenada, numa espécie de delírio. Exemplo: Lsd, ecstasy, maconha e outras substâncias derivadas de plantas.
Álcool :
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora.
Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer efeitos estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade ( maior facilidade para falar ).
Com o passar do tempo, começam a surgir os efeitos depressores, como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exarcebado, podendo até mesmo provocar o estado de coma. Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais.
Solventes ou Inalantes :
· Primeira fase: A chamada fase de excitação, que é desejada, pois a pessoa fica eufórica, aparentemente excitada, sentindo tonturas e tendo perturbações auditivas e visuais. Também pode aparecer tosse, espirros, muita salivação e as faces podem ficar avermelhadas.
· Segunda fase: A depressão do cérebro começa a predominar, ficando a pessoa confusa, desorientada, com a voz meio pastosa, visão embaçada, perda do auto-controle, dor de cabeça, palidez; ela começa a ver ou a ouvir coisas.
· Terceira fase: A depressão aprofunda-se com redução acentuada do estado de alerta, incoordenação ocular ( a pessoa não consegue mais fixar os olhos nos objetos ), incoordenação motora com marcha vacilante, fala “enrolada”, reflexos deprimidos, podendo ocorrer processos alucinatórios evidentes.
· Quarta fase: Depressão tardia, que pode chegar á inconsciência, queda da pressão, sonhos estranhos, podendo ainda a pessoa apresentar surtos de convulsões (“ataques”). Essa fase ocorre com freqüência entre aqueles cheiradores que usam saco plástico e, após um certo tempo, já não conseguem afasta-lo do nariz e, assim, a intoxicação torna-se muito perigosa, podendo levar ao coma e a morte.
Cocaína e Crack: Os efeitos provocados pela cocaína ocorrem por todas as vias ( aspirada, inalada, endovenosa ). Logo após do uso, o usuário tem uma sensação de grande prazer, intensa euforia e poder.
A tendência do usuário é aumentar a dose da droga na tentativa de sentir efeitos mais intensos. Porém, essas quantidades maiores acabam por levar o usuário a comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranóia. No caso do usuário de crack, isso provoca um grande medo e desconfiança e passam a vigiar o local onde usam a droga. Eventualmente, podem ter alucinações e delírios. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de “psicose cocaínica”. Além dos sintomas descritos os usuários de cocaína e crack perdem muito peso em poucas semanas e perdem o interesse sexual.
Tabaco ( cigarro ):
Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro aproximadamente em nove segundos.
Os principais efeitos da nicotina no sistema nervoso central consiste em: elevação do humor, estimulação e diminuição do apetite.
A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardíaco, na pressão arterial, na freqüência respiratória e na atividade motora.
O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrência de alguma doenças como, por exemplo, pneumonia, câncer de ( pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago etc.), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, úlcera digestiva e etc.
Maconha:
Efeitos físicos agudos : os olhos ficam avermelhados, a boca fica seca, o coração dispara, de 60 a 80 batimentos por minuto ou até mesmo mais ( taquicardia )
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte de quem fuma os efeitos são de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fadigado, vontade de rir, e para outras pessoas os efeitos são mais para o lado desagradável, pois, sentem angústia, temerosas de perder o controle mental, trêmulas, suadas. È o que comumente chamam de “bad trip” ( má viagem ).
Há, ainda, perturbação na capacidade da pessoa calcular o tempo e espaço e um prejuízo de memória de curto prazo e atenção.
Aumentando-se a dose ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações.
No caso do delírio a pessoa escuta a sirene da ambulância e julga que é a polícia que vem prende-la.
Na alucinação a pessoa tem uma percepção sem o objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou ver duas pessoas conversando quando não existe nem sirene nem pessoas.
Os efeitos físicos crônicos da maconha já são de maior gravidade. A maconha contém alto teor de alcatrão e nele existe uma substância chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno.
Outro efeito físico adverso ( indesejável ) do uso crônico da maconha refere-se á testosterona. Consequentemente o homem terá muita dificuldade de gerar filhos e é importante dizer que o homem não perde interesse sexual, só fica incapacitado de engravidar sua companheira.
Sabe-se que o uso continuado interfere na capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir a um estado de “amotivação”, a pessoa não tem vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graça e sem importância.
LSD:
O Lsd atua produzindo uma série de distorções no funcionamento do cérebro, trazendo como conseqüência uma variada gama de alterações psíquicas.
A experiência subjetiva com o Lsd depende da personalidade do usuário, de suas expectativas quanto ao uso da droga e do ambiente onde esta é ingerida.
O Lsd é capaz de produzir distorções na percepção do ambiente, cores, formas e contornos alterados, além de estímulos olfativos e táteis parecem visíveis e cores podem ser ouvidas. Outro aspecto que caracteriza a ação do Lsd no cérebro refere-se aos delírios. Estes são chamados os “falsos juízos da realidade”, isto é, há uma realidade, um fato qualquer, más a pessoa delirante não é capaz de avalia-la corretamente.
Logo após toma-lo, o pulso pode ficar mais rápido, as pupilas podem ficar dilatadas.
Ainda no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas que, após tomarem o Lsd, passaram a apresentar por longos períodos de ansiedade, depressão ou mesmo acessos psicóticos.
Ecstasy:
A droga apresenta efeitos semelhantes aos estimulantes do sistema nervoso central, ( agitação ), bem como efeitos perturbadores ( mudança na percepção da realidade ).
Seus efeitos mais marcantes são a sensação de melhora nas relações entre as pessoas, o desejo de se comunicar, melhora na percepção musical e aumento nas percepções das cores.
O Ecstasy causa, também, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, aceleração do batimento cardíaco, aumento da temperatura do corpo ( hipertemia ), rangido de dentes e aumento na secreção do hormônio antidiurético.
Muitos usuários relatam ter um episódio depressivo nos dias após o uso da droga, o que é chamada de depressão de meio de semana. Fadiga e insônia também são comuns.
3. O que é dependência?
Podemos definir uso como qualquer consumo de substâncias (experimental, esporádico ou episódico), abuso ou uso nocivo como sendo um consumo de substâncias que já está associado a algum prejuízo (quer em termos biológicos, psicológicos ou sociais) e, por fim, dependência como o consumo sem controle, geralmente associado a problemas sérios para o usuário.
Dependência é o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou periódica ( frequentemente ) para obter prazer. Alguns indivíduos podem também fazer uso constante de uma droga para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas desagradáveis etc. O dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva.
Para compreendermos melhor a dependência, vamos analisar as duas formas principais em que ela se apresenta: a física e a psicológica.
A dependência física se caracteriza pela presença de sintomas e sinais físicos que aparecem quando o indivíduo pára de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a síndrome de abstinência. Os sinais e sintomas de abstinência dependem do tipo de substância utilizada e aparecem algumas horas ou dias depois que ela foi consumida pela última vez. No caso dos dependentes de álcool, por exemplo, a abstinência pode ocasionar desde um simples tremor nas mãos a náuseas, vômitos e até um quadro de abstinência mais grave denominado “delirium tremes”, com risco de morte, em alguns casos.
Já a dependência psicológica corresponde a um estado de mal-estar e desconforto que surge quando o dependente interrompe o uso de uma droga. Os sintomas mais comuns são ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, más que podem variar de pessoa para pessoa.
Com os medicamentos existentes atualmente, a maioria dos casos relacionados á dependência física podem ser tratados. Por outro lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa volte a usar drogas é a dependência psicológica, de difícil tratamento e não pode ser resolvida de forma relativamente rápida e simples como a dependência física.
4. Quais os transtornos psiquiátricos mais associados ás dependências?
A depressão é o transtorno que mais se associa ao abuso e á dependência de drogas. Outros transtornos frequentemente encontrados entre os dependentes são os: transtorno de ansiedade, o obsessivo-compulsivo, os de personalidade e, mais raramente, alguns tipos de psicoses. Mais recentemente descobriu-se que indivíduos com transtornos neurocognitivos ( de aprendizagem ) estão mais propensos a se tornarem dependentes de drogas. Esses podem se manifestar através de problemas de atenção, memória, concentração ou linguagem, entre outros.
A grande dificuldade decorre de, com muita freqüência, esses sinais não serem identificados nem pelos familiares nem pela escola, podendo estar presentes desde a mais tenra idade.
Exemplificando, muitos jovens considerados rebeldes, preguiçosos, desinteressados, vagabundos ou indisciplinados, na verdade podem apresentar um transtorno específico de aprendizagem ou de atenção. È importante ressaltar que esses transtornos prejudicam profundamente a auto-estima e o desenvolvimento das crianças e dos jovens, atrasando ou até mesmo impossibilitando o uso de suas potencialidades.
Se fossem diagnosticados de modo correto, esses distúrbios poderiam ser facilmente tratados, evitando assim conseqüências drásticas que ocorrem quando não são identificados. Como exemplo disso, muitos dependentes de drogas que apresentavam transtorno de atenção, quando o problema foi adequadamente tratado, pararam de consumir drogas.
5. Por que se tratar ?
A dependência de substâncias psicoativas ( álcool e drogas ) é uma síndrome médica bem definida internacionalmente, cujo diagnóstico é realizado pela presença de uma variedade de sintomas que indicam que o indivíduo consumidor apresenta uma série de prejuízos e comprometimentos devido ao seu consumo. È considerada doença crônica quando essa acompanha o indivíduo por toda sua vida. Como toda doença crônica, o tratamento é voltado para a redução dos sintomas, que afetam não apenas o paciente, más toda a comunidade ao seu redor, períodos de controle da enfermidade são observados no tratamento, más uma das características fundamentais é o retorno de toda a sintomatologia ( recaídas ) em alguns períodos da vida do indivíduo. Apesar dos prejuízos que o indivíduo passa a apresentar pelo uso de drogas, outra característica fundamental da dependência é o fato de o sujeito ainda assim manter o consumo ou frequentemente a este retornar. Perde-se, parcial ou totalmente, a capacidade de controlar o uso, a droga passa a controlar a rotina do indivíduo. A definição como “síndrome” implica uma série de sintomas que necessitam estar todos presentes ao mesmo tempo para o diagnóstico ser realizado. Este fato resulta em uma variedade de quadros clínicos que se apresentam aos diferentes serviços de atendimento, garantindo as diferenças individuais entre os pacientes dependentes.
O tratamento deste transtorno psiquiátrico deve, portanto, incluir aspectos comuns a todos os indivíduos acometidos ( aspectos comuns da população de dependentes ), bem como aspectos individualizados ( particulares ) de cada paciente.
Os resultados do tratamento mais frequentemente citados são a redução do consumo de substâncias, a diminuição na utilização de sistemas de saúde e a menor participação em comportamentos ilícitos, associados direta e indiretamente ao uso de drogas e álcool.
O tratamento consiste na elaboração de determinada estratégia ( ato de dirigir coisas complexas ) para obtenção de seus objetivos. Também é uma forma de intervenção ( intercessão, mediação ) para obtenção de cura ou alívio pára o paciente. Estratégias e intervenções lançam mão de modalidades e terapias: Modalidade: cada aspecto ou diversa feição das coisas; Terapia: parte da medicina que se ocupa da escolha e administração dos meios para curar doenças ou obter alívio do indivíduo acometido. Cada uma destas possui sua própria forma de atuação, ou Método : conjunto dos meios dispostos convenientemente para obtenção de um fim, modo de proceder.
6. Abordagem do paciente dependente
Chamamos de “Abordagem” do paciente o período inicial de tratamento, os primeiros contatos entre serviço assistencial e o paciente. Esta fase é crucial para o processo, pois uma avaliação cuidadosa e o mais completa possível é o ponto inicial e essencial para que os indivíduos com problemas decorrentes do consumo de drogas possam receber ajuda afetiva. O objetivo desta fase é construir, juntamente com o paciente, o retrato detalhado e atual de seu envolvimento com o consumo, seu meio ambiente e os resultados deste uso. Outro fator de fundamental importância nesta fase é o estabelecimento de um bom vínculo entre a equipe terapêutica ( médico, psicólogo, assistente social, enfermeiro etc.) e o paciente, onde a confiança possa crescer gradativamente.
Dificilmente um indivíduo procura tratamento por estar convencido de que está usando droga ou álcool demasiadamente. As principais razões para a procura de tratamento são geralmente problemas e prejuízos que se acumulam ao longo da vida de consumo do paciente.
Dentre as principais causas de busca de serviço de assistência podemos relacionar as complicações médicas por exemplo,( convulsões, perda de emprego, separação conjugal, imposição familiar, sentença judicial, dívidas ou atrasos nos compromissos, depressão ou alucinações decorrentes ao consumo ).
È de suma importância a investigação das expectativas do paciente quanto ao tratamento. Expectativas irreais, exageradas, acarretam frustração e denotam, ás vezes, pouca disponibilidade individual para mudança do estilo de vida, fator essencial para a manutenção dos resultados do processo terapêutico.
A história clínica do paciente dependente deve, obrigatoriamente, conter algumas informações essenciais, como as drogas já utilizadas e as que o indivíduo atualmente consome, utilização concomitante de outras drogas e álcool, a via de uso atual e anteriores, quantidade consumida no último ano, mês e semana, a dose diária comumente utilizada, o volume de gastos monetários dirigidos ao uso e a freqüência que o consumo da droga ocorre. Estes últimos indicam a dimensão da compulsão do indivíduo para o consumo. As circunstâncias onde o consumo ocorre são fundamentais para a previsão de possíveis fontes de recaída durante o seguimento. A utilização concomitante de drogas ou de álcool é a regra entre pacientes que procuram o tratamento.
As informações sobre o consumo devem ser recolhidas paralelamente á história de vida do paciente, sugerindo determinado contexto contributório para o uso de drogas ( a combinação de fatores da vida do sujeito que facilitaram ou mesmo propiciaram o início do consumo, sua progressão, o surgimento dos prejuízos relacionados, a busca de tratamento ). È de fundamental importância a entrevista com um familiar do paciente, tanto para corroborar informações obtidas junto ao paciente, como para investigar fatores familiares que possam estar contribuindo para o consumo. Por exemplo, ( a família fornece dinheiro para o paciente? ). A entrevista com um familiar auxilia ainda no estabelecimento de uma rede de suporte mínimo que possa auxiliar o paciente em seus primeiros passos da abstinência.
O levantamento das conseqüência físicas e psíquicas do consumo deve também ser realizada na abordagem inicial do paciente dependente. Todo o paciente deve ser avaliado, clínica e laboratorialmente, quanto ao seu estado físico, bem como possuir uma avaliação psíquica completa pela possibilidade de associação da dependência com os diversos quadros psiquiátricos. Sempre que possível, análises toxicológicas devem ser obtidas, como forma de verificar a veracidade das informações obtidas na história a respeito do consumo de drogas.
A abordagem do paciente, como instrumento inicial do tratamento, deve incluir o contrato terapêutico assumido entre o serviço e o indivíduo, um conjunto de linhas básicas e atribuições de ambas as partes, para que o tratamento não seja enfocado como punitivo ou controlador. O contrato deve incluir a freqüência das visitas e sua duração, o comprometimento com a abstinência total ( de todas as substâncias ), métodos para evitar o contato com drogas e com outros usuários (“colegas de uso”) ou traficantes e a eliminação de restos de droga e objetos utilizados no consumo desta, por exemplo, ( cachimbos, cinzeiros, isqueiros e etc.) O paciente não deve nunca realizar sozinho esta última tarefa, pela enorme possibilidade de experimentar “fissuras” e não resistir á “despedida”.
7. Quando se faz necessário internar o paciente ?
A internação geralmente está mais indicada em casos mais severos, por se constituir em refúgio mais seguro para pacientes menos capazes de resistir por conta própria ás “fissuras” pelo consumo de drogas. Deve-se enfatizar, porém, que a internação não é tratamento, más sim uma estratégia ( modalidade terapêutica ) para a promoção da abstinência, que é apenas a parte inicial do tratamento. Para que algum resultado seja obtido, a internação deve estar obrigatoriamente vinculada a seguimento ambulatorial e a grupos de auto-ajuda.
Algumas indicações de tratamento hospitalar para dependentes de drogas:
· Paciente com ameaça de suicídio ou comportamento auto-destrutivo
· Paciente que ativamente ameaça a integridade física dos outros
· Paciente com sintomas psiquiátricos graves ( psicose, depressão, mania )
· Presença de complicações clínicas importantes
· Necessidade de internação por dependência de outra substância (exemplo: desintoxicação do álcool )
· Falhas recorrentes na promoção da abstinência em nível ambulatorial
· Não possuem suporte social algum, ou seja, seus relacionamentos são exclusivamente com outros usuários.
8. Algumas sugestões para ajudar a parar de usar drogas
Parar de usar todas as drogas incluindo o álcool.
Esta é uma das tarefas mais difíceis para o dependente de cocaína aceitar. O individuo tende a focalizar todas as suas dificuldades por exemplo na cocaína, desprezando a participação das outras substâncias no seu padrão de consumo. O consumo de álcool ou de maconha frequentemente representa o primeiro passo para uma recaída no consumo da própria cocaína.
Além desse fato, o consumo de qualquer substância evoca as memórias do consumo da droga principal consumida, desencadeando “fissuras” intensas. Ao consumir outra droga, o indivíduo terá menor capacidade de resistir a tais “fissuras”, recorrendo ao consumo.
Os dependentes de drogas não podem manter os relacionamentos com antigos companheiros de consumo, não podem ir aos bares e outros ambientes onde costumavam encontrar esses colegas, pois o consumo de substâncias psicoativas ( drogas ou álcool ) é a atividade central dessas atividades. O indivíduo, nessas ocasiões, volta a sentir desejo intenso, como uma necessidade de consumir, não conseguindo resistir á droga. Esta é a principal razão de recaídas, pelo menos nos pacientes em tratamento.
Os dependentes em tratamento nunca devem testar-se, para saber “como estão indo no tratamento”. Este fenômeno é muito visto entre pacientes, que acreditam que “passando no teste” estarão provando que voltaram a conquistar o controle sobre a droga e que “jamais irão consumir novamente”. Infelizmente, nada poderia ser mais falso que isto. Mesmo passando no “teste”, o paciente estará mais próximo de uma recaída, tanto por ter se aproximado do ambiente de consumo como, provavelmente, por excesso de autoconfiança.
O aprendizado de como voltar a estar em sintonia com o mundo “careta” é uma das tarefas mais difíceis da recuperação. Alguns indivíduos chegam a relatar que “desaprenderam a falar” sem o efeito das drogas.
Construir metas para alcançar seus objetivos é uma boa estratégia para lhe ajudar.
Muitas pessoas decidem mudar algo fundamental na sua vida apoiadas somente na força de vontade. Para alguns poucos essa estratégia funciona. Para a maioria, a melhor maneira de concretizar as mudanças é combinar força de vontade com maneiras claras de operacionalizar seus objetivos.
Um plano é útil na hora de medir progressos, entender erros e acertos, mudar o curso da ação, se algo não está funcionando. Pode ajudar a saber a quem recorrer quando for preciso apoio e antecipar possíveis dificuldades e o modo de enfrentá-las.
No seu plano, comece por estabelecer metas, ou seja, definir aonde você quer chegar.
Objetivos gerais são importantes, más insuficientes. Dizer para si mesmo “quero parar de fumar” é bom, más melhor é dizer “daqui a um mês quero ter largado esse vício”.
Ter idéias de atividades que possam substituir seu uso de drogas, por exemplo :
Atividades/ Situações
-Fumar quando falo ao telefone
-Fumar maconha toda vez que eu tenho uma briga com alguém
Alternativas
-Ter um copo de água ao meu lado para beber devagar, ser mais breve no telefone se a fissura para fumar aumentar muito.
-Sair para tomar ar fresco, jogar futebol ou relaxar ouvindo sua música favorita para aliviar a raiva, procurar um amigo para desabafar.
9. Qual a importância do papel da família no tratamento do paciente dependente químico ?
A terapia familiar é um aspecto sumamente importante na recuperação do dependente em tratamento.
Durante o tratamento sempre nos deparamos com familiares com conhecimentos insuficientes sobre ( drogas, álcool e suas implicações ) para compreender a necessidade da participação no processo terapêutico e poder lidar satisfatoriamente com o problema. Preconceitos e sofrimento acumulado pelos familiares interferem com o processo terapêutico.
Atenção especial deve ser dirigida aos familiares, o núcleo vivencial mínimo do paciente, para minimizar as chances de fracasso.
A família necessita discutir seus (pré-) conceitos, melhorar a qualidade das relações interpessoais para criar uma real estrutura de suporte ao paciente que auxilie em sua reabilitação.
Faz-se necessário que a família aprenda a não “sabotar” o processo de recuperação do paciente e mesmo sua abstinência. Os profissionais já se acostumaram com perguntas de familiares do tipo “ Mas se ele é dependente de cocaína, por que não posso oferecer uma cervejinha para ele no churrasco, junto com a família ?”.
As famílias precisam lidar com negação, identificar outros possíveis casos, lidar com mal-entendidos, defesas mal-estruturadas, estigma e sua própria ignorância em relação ás diversas dimensões do problema da dependência de substâncias psicoativas.
A mudança no estilo de vida, aspectos psicoeducacionais devem, portanto, ser incluídos em qualquer tratamento dirigido á família, qualquer que seja a orientação psicológica, com o devido cuidado de preservar o espaço de discussão do funcionamento e rotina familiar e suas relações interpessoais.
10. Tratamento farmacológico
A utilização de intervenções farmacológicas não apenas são estratégias válidas e disponíveis, como muitas vezes salvam a vida de dependentes em determinadas condições ( emergências ) etc.
Categorias dos agentes farmacológicos utilizados no tratamento das dependências:
-Medicamentos para quadros de intoxicação: utilidade, por exemplo, em superdosagens
-Medicamentos para abstinência: revertem ou atenuam sintomas físicos e psíquicos imediatos á abstinência.
-Medicamentos para controle da compulsão: reduzem o impulso para buscar e consumir álcool e drogas
-Medicamentos para controle de condições psiquiátricas co-móbidas.
11. Tratamento terapêutico
As principais formas de atuação dos profissionais podem ser agrupadas segundo as modalidades:
Seguimento individual – aconselhamento
Psicoterapia individual
Psicoterapia em grupo
Prevenção de recaída
Treinamento da habilidades sociais
Tratamento familiar
O objetivo final de todas estas técnicas é que o paciente desenvolva capacidade de evitar comportamentos associados ao consumo, lidando melhor com relacionamentos e com fontes de estresse, aumentando a auto-estima e promovendo uma mudança significativa do estilo de vida do paciente.
12. Algumas Definições
Experimentador : pessoa que experimenta a droga, levada geralmente por curiosidade. Aquele que prova a droga uma ou algumas vezes e em seguida perde i interesse em repetir a experiência.
Usuário Ocasional : utiliza uma ou várias drogas quando disponíveis ou em ambiente favorável, sem rupturas ( distúrbios ) afetiva, social ou profissional.
Usuário Habitual : faz uso freqüente, porém sem que haja ruptura afetiva, social ou profissional, nem perda de controle.
Usuário Dependente : usa a droga de forma freqüente e exagerada, com rupturas dos vínculos afetivos e sociais. Não consegue parar quando quer.
Dependência : quando a pessoa não consegue largar a droga, porque o organismo acostumou-se com a substância e sua ausência provoca sintomas físicos ( quadro conhecido como síndrome da abstinência ), ou porque a pessoa acostumou-se a viver sob os efeitos da droga, sentindo um grande impulso de usá-la com freqüência (“fissura”).
Escalada : é quando a pessoa passa do uso de drogas consideradas “leves” para as mais “pesadas”, ou quando, com uma mesma droga, passa de consumo ocasional para consumo intenso.
Tolerância : quando o organismo se acostuma com a droga e passa a exigir doses maiores para conseguir os mesmos efeitos.
Poliusuário : pessoa que utiliza combinação de várias drogas simultaneamente, ou dentro de um curto período de tempo, ainda que tenha predileção por determinada droga.
Overdose : dose excessiva de uma droga, com graves implicações físicas e psíquicas, podendo levar á morte por parada respiratória ou cardíaca.
12. Perguntas que não querem calar
Existem drogas leves e drogas pesadas ?
Esta é uma questão que sempre causa discussões e, por isso, há mais de uma posição a respeito. Do ponto de vista da lei, não há diferença entre drogas leves e pesadas, mas apenas entre drogas legais e ilegais (ou lícitas e ilícitas). Fumar maconha ou injetar cocaína, por exemplo: as duas atitudes infringem igualmente a lei. Na prática, porém, o uso de maconha raramente chega a ter as mesmas conseqüências perigosas à saúde que o de cocaína.
Além disso, sabemos que os riscos relacionados ao consumo de drogas dependem mais da maneira e das circunstâncias em que elas são usadas do que do tipo de droga utilizado. Mesmo para os dependentes, os perigos dependem do grau de dependência e não da natureza da droga e de ela ser lícita ou ilícita. A morfina, substância legalizada, cujos efeitos são muito semelhantes aos da heroína, poderia ser considerada uma droga pesada, e, apesar disso, ela é receitada para pacientes com câncer, sem que necessariamente eles se tornem dependentes.
Na verdade, não deveríamos falar em drogas leves e pesadas, mas sim em uso leve e uso pesado de drogas. Com relação ao álcool, por exemplo, existem dependentes que nunca conseguem beber moderadamente; ao mesmo tempo, existem usuários ocasionais, que jamais se tornarão dependentes de álcool. Para os primeiros, o álcool é uma droga extremamente perigosa (droga pesada), enquanto para os últimos o álcool é um produto inofensivo (droga leve).
As substâncias ilegais são mais perigosas do que as legalizadas ?
Nem sempre. Os perigos relacionados ao uso de drogas dependem de diversos fatores, como já vimos: que droga é utilizada, em quais condições e quem é o usuário. O fato de a substância ser legal ou ilegal não tem uma relação direta com o perigo que oferece.
Temos a tendência de achar que substâncias como o álcool, já que são legalizadas, não são tão problemáticas e prejudiciais quanto as drogas ilegais, o que é um engano. Assim, observamos que na nossa cultura somos demasiadamente tolerantes com relação às drogas legalizadas (álcool, medicamentos, fumo etc.).
As drogas naturais são menos perigosas do que as drogas químicas ?
Não. Substâncias obtidas a partir de plantas, como a cocaína, podem ser tão ou até mesmo mais perigosas do que as drogas produzidas em laboratórios, como o LSD.
Todo usuário de drogas vai se tornar um dependente ?
A maioria das pessoas que consomem bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra (dependente de álcool). Isso também é válido para grande parte das outras drogas.
De maneira geral, as pessoas que experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam apenas uma vez ou outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vez em quando, de maneira esporádica (uso ocasional), sem maiores conseqüências na maioria dos casos. Apenas um grupo menor passa a usar drogas de forma intensa, em geral quase todos os dias, com conseqüências danosas (dependência).
O grande problema é que não dá para saber, entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários experimentais, quais serão ocasionais e quais se tornarão dependentes.
É importante lembrar, porém, que o uso, ainda que experimental, pode vir a produzir danos à saúde da pessoa.
O tratamento de um dependente químico com medicações pode fazer com que ele se torne dependente de remédios ?
No tratamento da dependência tenta-se sempre evitar o uso de medicações que possam ocasionar esse problema. A maioria dos remédios receitados pelo médico nesses casos não causam dependência. Alguns, como benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, podem vir a causar dependência, mas, ainda assim, podem ser usados, desde que sob controle médico, por determinados períodos de tempo e em doses adequadas.
Quais são as razões que levam uma pessoa a usar drogas ?
Muitas são as razões que podem levar alguém a usar drogas. Cada pessoa tem seus próprios motivos. Os pais não devem tirar conclusões apressadas se suspeitam ou descobrem se o filho ou filha usou ou está usando drogas. É preciso que escutem com muita atenção o que o filho ou a filha tem a dizer para poderem compreender o que está acontecendo. Entre os possíveis motivos, destacamos:
A oportunidade surgiu e o jovem experimentou.O fato de um jovem experimentar drogas não faz dele um dependente. Porém, mesmo experiências aparentemente inocentes podem resultar em problemas (com a lei, por exemplo). Um jovem que usou drogas passa a ser tratado muitas vezes como "drogado" por seus pais ou professores. O excesso de preocupação com o uso experimental de drogas pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso de drogas em si.Diante dessa situação os pais não se devem desesperar. Reagir com agressividade e com violência pode até mesmo empurrar o jovem para o abuso e a dependência de drogas. Os pais devem alertá-lo sobre possíveis riscos e, se possível, conversar francamente sobre o assunto, aproveitando a oportunidade.
O uso de drogas pode ser visto como algo excitante e ousado pelos jovens.Cabe aos adultos alertar os jovens sobre os riscos relacionados com o uso de drogas.
Entretanto, muitas vezes são justamente os riscos envolvidos que podem exercer atração sobre eles. Esta é uma das críticas que são feitas às campanhas antidrogas de caráter amedrontador, que exageram os riscos. Assim, quando se falar em riscos, a informação deverá ser objetiva, direta e precisa, caso contrário o efeito poderá até mesmo ser oposto ao desejado. Grande parte dos jovens conhece pessoas que usam maconha e que nunca se interessaram por outras drogas. Para eles, a afirmação de que "a maconha é a porta de entrada..." pode soar mentirosa e, como consequência, deixarão de ouvir os adultos em assuntos realmente importantes. Por outro lado, se o jovem que ouve essa afirmação nunca experimentou drogas e pouco conhece do assunto, ele pode ficar muito curioso, principalmente porque para os adolescentes assumir riscos faz parte do jogo, em que o próprio risco é transformado em desafio.Por exemplo, alertar os jovens sobre os riscos de se consumir bebida alcoólica e depois sair dirigindo pode ser feito de forma clara, precisa e objetiva. Isso é muito mais educativo do que discursos dramáticos e aterrorizantes sobre os malefícios do álcool. Dizer de outra forma, tentar exagerar os riscos e perigos pode ser um estímulo ao uso de drogas, principalmente para os jovens.
As drogas podem modificar o que sentimos. Esse poder de transformação das emoções pode se tornar um grande atrativo, sobretudo para os jovens. A melhor maneira de tentar neutralizar a atração que as drogas exercem seria estimular os jovens a experimentar formas não-químicas de obtenção de prazer. Os "baratos" podem ser obtidos através de atividades artísticas, esportivas, etc. Cabe aos adultos tentar conhecer melhor os jovens para estimulá-los a experimentar formas mais criativas de obter prazer e sensações intensas.
Muitas pessoas acreditam que os jovens acabam consumindo drogas pela influência de colegas e amigos (pressão de grupo).Embora a "pressão do grupo" tenha influência, sabemos que a maioria dos grupos tem um discurso contrário às drogas; mesmo assim, alguns jovens acabam se envolvendo. Mais importante do que estar em acordo com o grupo é estar bem consigo mesmo. Os jovens que dependem exageradamente da aprovação do grupo são justamente aqueles que têm outros tipos de problemas (por exemplo, sentem-se pouco amados pelos pais, deslocados, pouco atraentes, etc.).
O uso de drogas pode ser uma tentativa de amenizar sentimentos de solidão, de inadequação, baixa auto-estima ou falta de confiança.Nesses casos, é importante tentar ajudar o jovem a superar as dificuldades sem a necessidade de recorrer às drogas. Os pais devem dar segurança para seus filhos através do afeto. Eles devem se sentir amados, apesar de seus defeitos ou de suas dificuldades.
Mas não existe uma pressão externa para consumir drogas?
Sim, essa pressão certamente existe. Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade. O grande problema é que tristeza, descontentamento e solidão passam a ser vistos como situações a serem eliminadas, quando, na verdade, elas fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas. Desde muito cedo, as crianças têm um modelo de felicidade diretamente ligado ao consumismo: o que podemos comprar poderá nos trazer satisfação e felicidade. As propagandas de álcool, cigarro e chocolate veiculam esse modelo, para vender seus produtos. A crença ingênua de que "podemos comprar a felicidade" e de que "tristeza e solidão devem ser evitadas a qualquer preço" constituem o mesmo padrão de relação que os dependentes (consumidores) estabelecem com as drogas (produtos). Nesse sentido, podemos dizer que os "drogados" estão apenas repetindo o modelo de sociedade que lhes oferecemos.
Consumir drogas é uma forma de obtenção de prazer. Isso não pode ser negado. Devemos ter em mente queexistem maneiras de se obter prazer cujo preço a pagar pode ser muito alto. Devemos ensinar aos jovens que a fórmula de "felicidade a qualquer preço" imposta pela sociedade aos indivíduos não é a melhor maneira de se viver.
No comércio de drogas, jovens são muito utilizados pelos traficantes como intermediários (conhecidos como "aviões") na venda de drogas ilícitas. Esse comércio lucrativo torna-se uma alternativa de ganho, ainda que ilegal, mas também favorece o contato dos jovens com as drogas, com a violência e com as doenças a elas relacionadas.
O que pode ser feito ao se descobrir que um filho está usando drogas?
Não há uma resposta simples para essa questão. Existem muitas maneiras de se responder à pergunta. Alguns pontos devem ser destacados:
· Existe uma variedade muito grande de drogas.
· Drogas diferentes produzem diferentes efeitos nas pessoas; alguns são perigosos, outros não.
· Existem formas mais e menos perigosas de se consumir drogas (injetar drogas é geralmente muito mais perigoso do que usá-las de outras maneiras).
· A lei é diferente para cada tipo de droga (é ilegal fumar maconha).
· O uso de algumas drogas, como o álcool, é socialmente mais aceitável do que o de outras. Entretanto, o que é ou não socialmente aceitável depende das características da comunidade em questão – seus valores, sua cultura (o álcool não é socialmente aceitável em comunidades muçulmanas) – e não do risco que a droga representa.
· Cada jovem é uma pessoa diferente e única e podem ser muitas as razões pelas quais alguém se envolve com drogas. Da mesma forma, existem variadas formas de ajudá-lo a interromper ou moderar o uso de drogas.
· Os pais têm maneiras diferentes de lidar com um filho que esteja usando drogas. Embora alguns sejam totalmente contra o uso de qualquer droga, a maioria considera aceitável o uso de determinadas substâncias (bebidas alcoólicas, fumar cigarro). Alguns pais são tolerantes e outros se resignam com o fato de seus filhos usarem drogas.
· Existem várias instituições de ajuda a pessoas com problemas relacionados ao uso de drogas.
13. Prevenção a recaída (As Fases e Sinais de aviso da recaída)
1. Estabilização — Voltar ao auto-controle e ao meu comportamento
Estabilização: antes de fazer o plano de prevenção de recaída deve-se estar no controle de si mesmo.
Estabilização significa reconquistar o controle dos pensamentos, emoções memória, julgamento e comportamento após ter recaído. E uma hora de crise para o adicto e sua família. A recaída quebrou sua vida. E normal que a pessoa se sinta assustado, zangado, desapontado e culpado. O adicto precisa de ajuda. Precisa se voltar para pessoas em quem confia e de que depende e que pode ajudar a tomar os passos necessários para estabelecer sua sobriedade.
Se for incapaz de manter um controle consistente de seus pensamentos, emoções e comportamentos deveria consultar um consultor profissional ou centro de tratamento. Pode precisar de ajuda profissional para conseguir se estabilizar.
2. Avaliação — Precisa entender, com a ajuda dos outros, o que ocasionou o episódio de recaída.
Avaliação: O segundo passo do plano de prevenção de recaída é descobrir o que ocasionou a recaída. Isto é feito revisando a historia de uso de químicos, assim como os sinais de aviso específicos e sintomas que ocorrem durante tentativas de conseguir abstinência.
Esta informação fornecerá indícios do que foi feito errado e o que pode ser feito diferente para melhorar suas chances de sobriedade permanente. Lembre-se que seu passado é seu melhor professor. Se você falha em aprender com seu passado, você é condenado a repeti-lo.
3. Educação — Preciso aprender sobre o processo de recaída e como preveni-lo.
Educação — para prevenir recaída é preciso entende-las. Quanto mais informações possuir sobre adicção, recuperação e recaída, mais ferramentas você terá para manter sobriedade.
É necessário entender os sintomas de abstinência demorada o que lhe coloca num alto risco de desenvolve-la, o que pode aciona-la o que se precisa para preveni-la o lidar com ela.
Deve familiarizar-se com os sinais de aviso e ser capaz de dar exemplos deles e coloca-los nas próprias palavras para ter certeza de entende-los..
4. Identificação dos sinais de aviso — Preciso identificar os sinais de aviso que me dizem que tenho problema com minha sobriedade.
Toda pessoa tem um conjunto pessoal e único de sinais que indicam que o processo de recaída esta acontecendo. Estes são sinais para o próprio e para os outros que existe processo de recaída, ou desenvolvimento de outros sintomas. Identificação dos sinais de aviso é o processo de identificar os problemas e sintomas que podem levar a recaída. Problemas podem ser situações internas ou externas ao adicto.
Sintomas podem ser problemas de saúde, problemas de pensamento, problemas emocionais, de memória ou de julgamento e comportamento adequado. E preciso desenvolver uma lista de sinais de aviso pessoais ou de indicações de que pode estar em perigo. A lista de avisos deve ser desenvolvida de experiências das recaídas passadas.
Da lista de sinais escolha cinco que se aplicam ao adicto. Coloque-os nas próprias palavras do adicto e escreva uma declaração sobre cada um que descreva sua própria experiência. Você precisa ter uma lista de indicadores e especificar o que esta saindo de uma vida produtiva e confortável, para começar a se mover para a recaída.
5. Administração dos sinais de aviso — Preciso ter planos concretos para prevenir e parar os sinais de aviso.
Administração dos sinais de aviso: cada sinal de aviso na verdade é um problema que precisa prevenir ou resolver desde que acorra. Se você quer evitar um problema, precisa revisar cada sinal de aviso e responder a questão: Como posso evitar que este problema aconteça?
É necessário lembrar que adicção é uma doença com tendência á recaída. Isto significa que qualquer adicto em recuperação terá uma tendência a experimentar problemas ou sinais de aviso que podem levar-lo de volta ao uso aditivo.
Uma vez que se saiba e aceite este fato, pode-se planejar o inevitável. Haverá problemas e sinais de aviso de recaída. Se você quer evitar a recaída você precisa ver cada sinais de aviso que experimentou no passado e formular um plano para lidar com eles. E essencial que se estabeleça novas respostas para identificar sinais de aviso de recaída. Determinar o que se ira fazer quando reconhecer que um sinal de aviso está acontecendo em sua vida. Como pode ser interrompida a síndrome de recaída? Que ação positiva pode se tomar que removera o sinal de recaída? Liste varias opções ou possíveis soluções para remover o problema. Listar várias alternativas dará mais chances de se escolher solução e dar alternativas se a primeira escolha não funcionar. Escolha uma opção razoável que pareça oferecer a melhor possibilidade de interromper o processo de recaída. Esta será a resposta nova quando perceber um sinal de recaída em particular.
Pratique cada nova resposta até se tornar um habito. Se a nova resposta estiver disponível para na hora de stress alto, haverá a necessidade de pratica-lo na hora em que o stress estiver baixo.
Pratique e pratique até que a resposta torne-se um hábito. Se a resposta nova falhar para interromper o sinal de aviso, estabeleça um plano novo mais efetivo.
Não se pode permitir aditar um plano para interromper os sinais se eles ocorrerem. Se não se possuir um plano, não será capaz de interrompe-los quando ocorrerem.
6. Treinamento do inventário — Preciso fazer um inventário duas vezes por dia para que possa perceber os primeiros sinais de problemas e corrigir os problemas antes que fiquem fora de controle.
Treinamento do inventario: Qualquer programa de recuperação com sucesso envolve um inventaria diário. O 1º passo é lembrar-nos que devemos continuar a fazer um inventário pessoal e quando estivermos errados admiti-los prontamente. Um inventário diário é necessário para ajudar a identificar os sinais de aviso de recaída antes da negação ser reativada. Qualquer sinal de recaída pode ser o primeiro passo para voltar a beber ou ter colapso emocional e físico. Sem um inventário diário o adicto ira ignorar os sinais iniciais, e então será incapaz de interromper a síndrome da recaída quando se torna mais aparente.
Para um plano de prevenção de recaída é necessário projetar um sistema de inventário especial que monitora os sinais de aviso de uma recaída em potencial.
Desenvolva uma maneira para incorporar este sistema de inventário na vida no dia-a-dia. Agora você tem uma lista dos sinais de aviso pessoais. Como você vai determinar se algum destes sintomas for ativado em sua vida?
Para que um inventário diário se torne um hábito, recomendamos que se estabeleça dois rituais para o inventário diário. O primeiro deveria ser pela manhã. Abra um espaço de 5 a 10 minutos para ler a meditação no livro 24 horas e fazer um resumo de seus planos para o dia. Pergunte-se se você está preparado para este dia e o que você pode fazer que lhe ajudará fisicamente e emocionalmente a enfrentar os desafios do dia e manter uma sobriedade confortável. O segundo ritual de inventário deveria ocorrer á noite. Reveja as tarefas do dia, identifique o que você manuseou bem e o que precisa melhorar.
Que forças você usa para enfrentar os desafios do dia? Como você pode reforçar e aumentar sua força? Que fraqueza ficou aparente e como você pode corrigir os defeitos e melhorar nestas áreas?
Olhe cuidadosamente na sua lista de sinais de recaída pessoal. Alguns deles estão presentes em sua vida? O que você esta fazendo para corrigir estas situações? Existem outros sinais de aviso que podem ser acrescentados a sua lista?
Pode ser útil manter um diário para rever seu progresso na recuperação e para acompanhar os sinais de recaída. Isto ajudaria a ver que você esta fazendo um progresso na recuperação, um progresso porque lutamos. Afinal, não por perfeição.
Apenas saber quais são os seus sinais de aviso não irão necessariamente lhe ajudar. Lembre-se que os sinais de recaída se desenvolvem inconscientemente. Você não sabe que eles estão acontecendo. Um inventário é uma maneira para rever conscientemente o que acontece no dia. Através de um inventário feito duas vezes de manhã e á noite é possível perceber os sinais de recaída, e fazer algo para pará-los antes de perder o controle.
7. Rever o programa de recuperação — Preciso rever meu programa de recuperação atual para :
ter certeza de que existe ajuda para tratar com meus sinais de aviso.