Teoria de Carl Gustav Jung


O que é o sono?
A necessidade do sono está diretamente ligada com a necessidade de recuperação, após esforços contínuos durante o dia, o corpo necessita desse período de tempo onde várias regiões cerebrais diminuirão bruscamente suas atividades, enquanto outras regiões simplesmente “desligam-se”, chamamos esse fenômeno de sono.

Privação de sono é algo altamente perigoso nos seres humanos, sabemos que morre-se mais rápido se ficarmos sem dormir do que sem comer.
Além do descanso, a função vital do sono é a reestruturação dos hormônios e outras bioquímicas que processamos durante nosso dia.

O que é o sonho?
Essa pergunta ainda não foi respondida de forma categórica, embora alguns afirmem que sonhos são destituídos de significados. Um coisa é indiscutível: definir meramente os sonhos como uma série de imagens que passa pela mente de uma pessoa que dorme está longe de caracterizar esse fenômeno.
Anos de pesquisas realizadas por estudiosos revelam que os sonhos carregam uma linguagem absolutamente simbólica, bastante diferente daquela que usamos quando despertos, independentes de nossas origens étnicas ou geográficas. Essa linguagem não pode ser bem compreendida a não ser que o indivíduo se dê a considerável trabalho e esforço na tentativa de aprendê-la.

No evolução das descobertas da Psicanálise, cada vez mais foi ficando claro a dualidade de nossas mentes. Nossa mente inconsciente fala com uma linguagem completamente diferente da consciente, como também possui suas motivações e interpretações particulares, muitas vezes desconhecida pela nossa mente consciente (ego).

Essa diversidade que há entre as duas modalidades foi analisada por Freud que pensava que essa linguagem íntima, simbólica e distorcida era criada pela mente inconsciente com o propósito de não permitir que a mente consciente compreendesse as mensagens comunicadas através dos sonhos. Então,a quilo que estava sendo comunicado partia do interior mais corrupto do sujeito, era terrível demais para ser conhecido pelo sonhador. Apesar disso, Freud considerou os sonhos a estrada real para o inconsciente.
Faz parte do Psicanalista guiar o paciente até esse conteúdo tão rico que a mente inconsciente distorceu. É de se esperar que conforme o paciente vai amadurecendo psicologicamente na terapia, passa a entender melhor a comunicação trazida pelos sonhos e aproveita os benefícios que eles proporcionam.

Os Sonhos na visão de Jung
O psicanalista suíço Carl Gustav Jung, desenvolveu um método alternativo para compreender a natureza da mente humana e dos sonhos.
Seus escritos foram fundamentados em milhares de sonhos de pacientes e amigos. Ao contrário de Freud, Jung dizia que os sonhos procuram se comunicar, não ocultar o que está no inconsciente.
Segundo Jung, o que não estaria claro para nós é a linguagem dos sonhos, mas afirmava que deveríamos aprender esse idioma para tirar dele os benefícios e as mensagens que os sonhos trazem.
O sonho é uma manifestação dinâmica do inconsciente, em que ele faz energicamente algo por sua própria vontade, movimenta-se e cria por sua própria conta, e foi isso o que Jung definiu como espírito. Existe naturalmente uma fronteira pouco nítida entre o subjetivo e o objetivo; mas, na prática, se uma pessoa sente que o sonho lhe pertence, então, é o seu próprio espírito.
O inconsciente sabe coisas; conhece o passado e o futuro, sabe coisas a respeito de outras pessoas. De tempos em tempos, todos nós temos sonhos que nos informam sobre algo que acontece a uma outra pessoa. A maioria dos Psicólogos sabe que os sonhos premonitórios e telepáticos ocorrem com muita freqüência a praticamente todas as pessoas; Jung chamou , a esse conhecimento inconsciente, de "o conhecimento absoluto".
Para Jung, o sonho é uma porta aberta para os mais recônditos e secretos recessos da alma, sendo um auto-retrato espontâneo, em forma simbólica, da situação presente no inconsciente. O sonho, portanto, contribui com o material que estava faltando para a melhora e eventual cura do paciente, donde sua especial importância na terapia.
Então, para Jung os sonhos possuíam essencialmente a função de equilibrar e compensar, afim de manter a harmonia e equilíbrio interior do homem.

Inconsciente coletivo, símbolos, arquétipos e espiritualidade nos sonhos Junguianos.
Jung estava plenamente consciente de que os sonhos podem ser criados por influências do ambiente, por indisposições físicas, e sonhos que são meras repetições de nossas ansiedades cotidianas.
Porém, Jung fazia uma distinção entre cérebro e mente, para ele as imagens contidas nos sonhos não podiam ser reduzidas somente há condições físicas do homem, mas essencialmente envolvem a espiritualidade humana.
O inconsciente coletivo é um nível do ser que pertence ao próprio indivíduo. Entretanto, não somente a ele. Esse nível da mente contém as experiências ancestrais, universais, que aparecem nos sonhos na forma de quadros mentais primordiais e os exemplos mais impressionantes de símbolos são fornecidos pelas mitologias dos povos. No inconsciente coletivo existe algo que chamamos de memória ancestral, que habita o indivíduo, e essa memória opera através do inconsciente coletivo.
Existem símbolos universais do inconsciente coletivo que podem aparecer em um sonho e estar carregado de significado como:
Nascimento, Morte, Mar, Escada, Construções em Ruínas, Serpentes, Aranhas, o velho sábio, frutas, nudez, entre outros.
Sonhos arquétipos são aqueles sonhos que possuem conteúdo importante e empregam símbolos arquétipicos em suas comunicações. Esses sonhos narram sobre vida e morte, valores morais, sobre a beleza, a justiça, a bondade, o amor e o destino. Transcendem ao que é pessoal, bem como a mente consciente, e vão as profundesas do inconsciente coletivo. Também podem envolver a comunicação que procede da realidade espiritual superior a alma, que é a parte imaterial do ser humano. São os grandes sonhos que abordam questões muito sérias.
Alguns arquétipos que podem surgir nos sonhos são:
Persona é a máscara que o sujeito utiliza para apresentar-se aos outros. A persona se utilizada de maneira correta será muito saudável para uma vida social e psíquica do indivíduo. A persona não é o verdadeiro “eu”. No sonho ela pode estar sendo representada por uma outra pessoa com os mesmos trejeitos que o individuo, com as mesmas roupas, gostos e aspirações. Jung acreditava que a presença da persona na maioria dos sonhos era para possibilitar o sonhador enxergar por trás da máscara e perceber que seu verdadeiro ser é muito mais sincero que seus personagens sociais.
A Sombra é a soma dos comportamentos que o sujeito possui mas mais despreza. Junto com todos os seus vícios, defeitos, preconceitos e violências somadas num único grande ser, essa é a sombra. Aquele aspecto da psique que tentamos sempre esconder (as vezes até de nós mesmos). A sombra nos sonhos pode ser representada por personagens do mesmo sexo do sonhador que fazem papéis de ladrões, assassinos, sádicos, safados, desonestos, estupradores, bruxa, prostituta, dona de casa preguiçosa, pessoa infiel e destituída de bons sentimentos. Nos sonhos de perseguição, onde o sonhador foge desesperadamente de uma figura que ele mal possa ver o rosto, freqüentemente estará fugindo de sua sombra.
Os arquétipos animas e ânimos Podem ser representados por animais, por seres mitológicos, ou pessoas do sexo oposto do sonhador. Tipicamente a anima no sonho assume no homem um papel mais carinhoso, sentimental, podendo fazer com que o sonhador tenha sonhos de amizade profunda, de grandes afagos e atitudes de doação de si mesmo. Já o ânimos confere nos sonhos um lado mais racional, crédulo, matemático e organizado. Oferecendo uma oportunidade de reflexão sobre algumas opiniões que necessitam serem avaliadas com mais masculinidade.
Outros grandes arquétipos são o Velho Sábio e a Grande Mãe. O velho sábio no sonho pode ser representado por anjos, pessoas idosas de aparência severa e serena. O velho sábio é o profeta dos sonhos, ele representa o “eu” do sonhador mais profundo. Esse arquétipo no sonho representa o “eu no futuro”, a alma em evolução do sonhador, em direção a esse ser perfeito em potencial, pode tanto ser a figura de alguém conhecido ao qual o sonhador respeita muito, ou uma figura criada (idealizada) que projete um ideal elevado. A grande mãe pode aparecer nos sonhos femininos na forma de uma idosa, de uma sacerdotisa, de uma religiosa ou uma santa.
Jung dizia que a presença desses arquétipos nos sonhos não são comuns, porém devíamos sempre seguir as recomendações do velho sábio e da grande mãe, pois suas palavras mostram o caminhos, e eles nunca mentem. Geralmente esse arquétipo aparece em um sonho quando o sonhador está vivendo momentos de decisão e dúvidas. Podem ser inspiradores de determinação, coragem, entusiasmo, compreensão e inspiração para novos feitos.

INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS POR CARL JUNG
No fim da sua longa vida, Carl Jung (1875-1961) tinha recolhido e estudado mais de 80.000 sonhos.
Segundo ele, existem temas, títulos, indicações ou rubricas variadas em que são agrupáveis símbolos divididos entre aqueles que não são sexuais e os que são sexuais (3): Sol, Lua e estrelas; corpo, juventude e envelhecimento; auréolas, máscaras e sombras; deuses e deusas, bruxas, sábios e bruxos; o céu e o inferno...
Se uma pessoa desejar continuar esse tipo de análise, anota os sonhos e os símbolos que neles aparecem, tanto como as formas – pessoas, objetos, cores e animais. Em particular, são relevantes os sonhos que nos surgem com maior impacto emocional.
Em terceiro lugar, aponta as emoções que esses símbolos sugerem – inclusive a partir da idéia de que os símbolos são ambivalentes (podem significar algo ou o seu contrário). Quando pensamos na nossa reação sócio-emocional a esses símbolos, podemos aperceber as funções psíquicas e os papéis sociais que os símbolos enunciam e desempenham. Jung costumava dizer aos seus pacientes enquanto estavam analisando um sonho: “- Voltemos às imagens do sonho, o que ele te diz?”.
Finalmente, se mantivermos um diário de sonhos, identificam-se símbolos persistentes ao longo da nossa vida. Os padrões de sonhos repetidos surgirão de modo recorrente.
Nessa acepção, de pouco serve perguntar o significado de um sonho isolado. Devemos conhecer vários sonhos e, em particular, os que reaparecem.
Jung citava muito o Talmude, escritos sagrados dos judeus, que diz que o sonho é sua própria interpretação. Com isso, o Talmude quer dizer que um sonho pode ser compreendido pois por si só contém todos os elementos necessários para a sua interpretação. Defendendo essa sua convicção, Jung dizia que se desse a uma pessoa ocidental uma página para ler, que continham apenas palavras do idioma chinês, a pessoa iria devolver a folha e dizer que ali não havia nada escrito, portanto ao havia nenhum significado. Poderia até mesmo chegar ao absurdo de dizer que o idioma chinês não serve para nada, e teria de descartar um idioma que mais de um bilhão utilizam todos os dias para se comunicar.
Para Jung os sonhos possuem a mesma intensidade de um idioma desconhecido. Requer treino e conhecimento para conseguir decifrá-los, mas empenhar esforço nessa prática será altamente recompensadora.

Referências Bibliográficas:
CHAMPLIN; Darrel. O portal dos sonhos. Editora: Publisher Brasil. São Paulo. 2002
FADIMAN; James. Teorias da Personalidade. Editora: Harbra. São Paulo. 2003

1 Comentário:

Anônimo disse:

Muito bom esse artigo sobre Jung, agradeço pois me ajudou muito em relação ao meu trabalho...

OBRIGADO

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